(Atividade elaborada para fins de avaliação parcial da disciplina Arte Publicidade do departamento de Comunicação Social do curso de Publicidade e Propaganda da Pontifícia Universidade Católica de Goiás, sob orientaçãod o Profº Leandro Bessa)
Janaína Viana
O período contemporâneo - 1945, se inicia num contexto de pós-guerra onde as mais variadas revoluções aconteciam em todos os aspectos do referencial humano. Com a vertente artística não foi diferente, a arte tradicional não resiste as mais diversas metamorfoses as quais o homem e a sociedade vivenciam neste presente momento, e acaba por assumir posturas que, bem como é o papel da arte, refletem os mais vários dilemas e mazelas do homem pós-moderno.
Temos a Arte na contemporaneidade esforçando-se para se expressar das mais variadas formas.
Inicialmente concentradas em Nova Iorque e Paris, as novas tendencias se alastram por todo o globo, a proliferação do que consideramos arte contemporânea foi sem dúvida um marco de deseurocentrização das nascentes artísticas, uma vez que um país americano cabeceava novas e autenticas formas do fazer (e pensar) artístico, mas isso não desmerece de forma alguma os artistas europeus, pelo contrário, uma vez que esse deslocamento é recorrente da emigração de inúmeros artistas repulsos da Segunda Grande Guerra, que devassava a Europa.
O grande referencial da arte contemporânea é sem dúvida seu caráter extremamente autocrítico, tornando-se quase uma 'crise de identidade' do nosso referencial histórico de arte. A Arte Contemporânea se ocupa antes de quaisquer coisas de questionar nossos conceitos engessados e eurocêntricos de arte, ainda presos nos padrões pintura-escultura. Questionam-se os meios, a essência, a forma de expressão, o conceitualismos dos estilos e o próprio 'feitor': o artista. O grande questionamento que sucumbi nas novas expressões foi exatamente a essência de suas composições: quais eram as características necessárias para que pudesse ser considerado arte? - Herança claramente herdade de seus antecedentes modernistas, mas a arte contemporânea vai além disto, paira-se onde a própria indagação pode ser elevada ao status de arte. O maior exemplo deste movimento artístico extremamente analítico é o que ficou conhecido como Arte Conceitual, do qual falaremos um pouco mais adiante.
Este "singelo duopólo" pintura-escultura, como chamou Michael Archer em sua obra, começa a romper-se no início dos anos 60 onde as colagens cubistas, as performances futuristas e os eventos dadaísta ganham força e grande aceitação dos artistas, a própria fotografia reivindica cada vez mais seriamente seu reconhecimento como expressão artística. Muitas inovações e novidades tanto práticas como conceituais bombardearam este período, fazendo emergir inúmeros questionamentos acerca dos arcaicos sistemas de classificação. Abria-se a porta da libertação artístico-tecnológica, onde a manufatura das obras perdia o sentido. Neste momento a arte se apropria diretamente das inovações tecnológica pra se apresentar e as novas linguagens ganham um valor real enquanto expressões artísticas, contrariando pensamentos que julgavam ser este o fim da essencia artística humana. O homem/artista contemporâneo no entando não se vitimiza frente a estas novidades, pelo contrário, faz bom uso delas descobrindo suas multiplas possibilidades.
Outra caracterisca forte da arte contemporanea é sua comunicação direta com a publicidade e a esfera comusumista, muito difundida na segunda metade do século por Andy Warhol e os demais envolvidos no que ficou conhecido como a Pop Arte, onde o pensar sobre o fazer artísco já se manifestava em forma de crítica, quando renunciava as formas e imagens tradicionais da própria história da arte para agregar-se simbolos cotidianos e de valor estético e simbólico aparentimente fútil.
Por tratar-se de um perido ainda vigente, há certa dificuldade em listar as intensões e os reflexos dessa nova arte, sendo que por hora até mesmo esta materialização é descartada. Mas podemos observar certa organização no caminhar destes novos conceitos e na formulação de novas linguagens. Dentre os ponta-pés iniciais, como sitou o Professor Msc. Paulo Veiga Jordão, temos além da Arte Pop já mencionada o Novo Realismo e o Neodadaísmo, difundidos nas décadas de 60 e 70. Outra obsevação interessante que o professor nos faz é a mudança de foco que a Arte Contemporânea faz no sentido de retormar o olhar para além de si e se comunicar com seu habitat e suas novidades, ação que de certa forma se anulou durante alguns períodos anteriores aonde o abstracionismo era mais presente e ativo.
Após experimentar várias vias de expressão emergentes nesse periodo de inserção de novas linguagens e meios multimídias - dentre elas a Op Art e o Minimalismo, com suas tendencias redutoras e cerebrais, seguiam estéticas duras e lineares e se manifestava principalmente pelas esculturas; as interverções urbanas e de natureza natural, que consistem em suma em uma modificação, normalmente efêmera, do meio habiente em que os artistas se encontram, é um forma direta e específica de se relacionar espacialmente com a arte; o Happening e a Performance, que trazem com sucesso o gestual e a encenação como forma de expressão plastica e visual, utilizando-se de elementos até então contidos apenas nas artes cênicas; a Fotografia, que consegue estabilizar seu reconhecimento como via de expressão artística - e serve-nos para acentuar a diferenciação entre o artístico e banalmente corriqueiro, ainda que essa linha tênue ainda seja extremamente conflituosa-. O video também aparece como mídia de expressão artística, conhecido como vídeoart possibilita que os artistas possam reproduzir um momento artístico, que provavelmente se perderia devido a sua efemeridade, a fotografia também é muito utilizada com essa finalidade.
Novidades surgem a todo momento, o artista agora não se limita a gerir uma materialidade a qual pode-se elevar ao status de arte, ele se atreve e quer entender os porques e as injustiças desse fenômeno segregador. Se rebelam e buscam meios de caçoar com o tradicional e com o academicismo arcaico. Dá-se valores artísticos a objetos banais e até mesmo ofensivos, como é o caso do dadaísmo (e neodadaísmo) e fazem disto um grito de indignação e questionamento sobre qual é a verdadeira essencia inóspita da arte. E a Arte Contemporânea herda esta indignação e irreverencia, acentuando ainda mais a errônea impressão de que a arte (em sua essencia) se limita a sua aurea matério-espacial, como sugere Walter Benjamin, em sua obra ‘’ A Obra de Arte na Era da sua Reprodutibilidade Técnica” (1935), onde afirma que a obra de arte manifesta por vias de reprodução simultânea e em massa perde em suma sua aura e seu valor presencial. A arte contemporânea atropela estes conceitos e se propõe intencionalmente a mostar que o sentido vital da necessidade de expressão artística é muito mais interno e interpretativo do que permitiria as manifestações classicas.
A Arte Conceitual ilustra bem esta ideologia, cunhada no carater autoanalítico da obra de arte, ela se propõe inicialmente na eliminação de elementos materiais, aonde a linguagem foi elevada a ferramenta-idea de expressão artística. “O Conceitualismo atraiu a as tarefas de crítica e analise para a esfera do fazer artístico” diz Michael Archer. Neste momento a arte assumia um carater extremamente insubstancial. Embora os artistas envolvidos no movimento tivesem particularidades bastante específicas, a linguagem, materializada pela palavra escrita, estava presente em todas as obras. Um dos representantes deste movimento foi o artista plástico Lawrence Weiner, ele anexava a seguinte declaração as suas obras: “ 1. O artista pode arquitetar a peça. 2. A peça pode ser fabricada. 3. A peça não precisa ser construida.” Esta atitude ilustra bem o pensameto dos artistas conceituais, aonde a intensão expressiva do artista entra em segundo plano, cabendo ao ‘’receptor’‘ atribuir a obra a significação que achar válida.
Foram frequentes a ultização de mapas, manuais de instruções, listas, fotografias, cartões postais e documentos em geral, exertos de dicionários e traduções semanticas também estiveram presentes. Enfim, procuram-se meios de explorar um pensamento artístico sem limita-lo a materialidade. Sol Lewitt outro artista importante para o movimento nos deu seguinte definição: “Em arte conceitual, a idéia ou o conceito é o aspecto mais importante da obra. Quando um artista usa uma forma conceitual de arte, significa que todo o planejamento e decisões são tomadas antecipadamente, sendo a execução um assunto secundário. A idéia torna-se a maquina que origina a arte”. Em suma o movimento focava a crítica extrema a pintura formalista vigente na época.
A arte conceitual também abordava todo uma esfera socio-política, trazendo também a tona toda uma ideologia que caminhava desde a pop arte ao dadaísmo e neodadaísmo: a repulsa de elevação da obra de arte ao status de artigos de luxo ou dispensiosidade. A arte deveria ser coletiva e acessível a qualquer um, afirmavam os envolvidos no movimento. Outra crítica constantemente presente na arte conceitual era a atuação de museus e demais entidades organizacionais e suas relações comerciais com a arte, e por isto em certos momentos e artistas especpificos evitou-se uma relação íntima entre as obras conceituais e as formais tradicionais de exibição, preferiam eles se comunicarem coletiva e simultaneamente com as massas atraves de perióditos nacionais e internacionais, como já foi dito.
Devido as muitas vias que o conceitualismo usava p/ expressar, muitas vezes com concepções contraditórias, não há um consenso que possa definir os limites do que é ou não arte conceitual. Joseph Kosuth, escreve em seu texto “Investigações”, publicado em 1969, “a análise lingüística marcaria o fim da filosofia tradicional, e a obra de arte conceitual, dispensando a feitura de objetos, seria uma proposição analítica, próxima de uma tautologia.”
Um grupo de artistas ingleses se organizaram entre 1966 e 1967 e formaram o grupo Arte & Linguagem, embasados no movimento conceitual. Incialmente formado por Terry Atkinson, Michael Baldwin, David Bainbridge e Harold Hurrel, que publica em 1969 a primeira edição da revista Art-Language, investiga uma nova forma de atuação crítica da arte e, assim como Kosuth, se beneficia da tradição analítica da filosofia.
Kosuth é autor da obra primogênita e ícone da identidade conceitual, "One and Three Chairs" ele apresenta o objeto cadeira,uma fotografia dela e uma definição do dicionário de cadeira impressa sobre papel. Kusoth expressa atravez dessa obra todo o pensamento da arte conceitual. É também o divisor de águas na caminha do artista, apartir daqui ele decibe abolir de vez o uso de materias objetais em suas obras, substituindo-os por meros conceitos escritos e expostos. Alguns artistas se atreviam a dizer que essas imagens triviais poderiam refletir a própria superficialidade de quem as observa. E por isso se utilizava de imagens comuns, como por exemplo, a cadeira de Kosuth, em que pode se argumentar não ter acrescentado nada ao conhecimento de qualquer pessoa, além de ser simbolo de comodismo e estagnação.
O termo arte conceitual passou a ser usado em 1961, aprecendo nos textos de Henry Flynt, entre as atividades do Grupo Fluxus. Nesse texto, o artista defende que os conceitos são a matéria da arte e por isso ela estaria vinculada à linguagem. O mais importante para a arte conceitual são as idéias, a execução da obra fica em segundo plano e tem pouca relevância. Sendo assim a execução material do projeto tem pouca relevancia, não havendo seguer necessidade de ser feita pelo artista.
Lawrence Weiner é um artista plástico nova iorquino, nascido em ***, e adepto e defensor da arte conceitual. Lawrence iniciou sua pesquisa primeiramente usando delas padrões, passando por cadernos, cartazes até chegar as paredes, onde fixou sua identidade e estilo artístico. É dele o famoso conceito que ilustra o movimento artístico em qual ele se instala: "(1) O artista pode construir a peça. (2) A peça pode ser fabricada. (3) A peça pode não ser fabricada (sendo adequada e consistente com a intenção do artista, a decisão em relação à condição fica com o recetor na ocasião da receção)".
Seguindo o pensamento que une os artista conceituais, Lawrence busca formas de romper os padrões de apresentação artísticos, instalando suas obras em lugares incomuns e até mesmo inusitados. E por isso defende a ideia de que não há nenhuma necessidade artistica do autor da obra manufatura-la, basta penas que ele seja mentor dela.
A arte de Lawrence, assim como o dos demais artistas conceituais, caminha pra a desmaterialização da arte. E se mantém basicamente a cerca da linguagem, e como tempo o artista aperfeiçoou suas tecnicas, desenvolvendo pesquisas de pontuação e grafia. Tentando, vez ou outra, conseguir valores sinestésicos. Ele justifica sua predileção: "Porque traz menos problemas. Podes usar um pedaço de madeira e não necessitas da mão do artista. Ou de madeira portuguesa, marroquina ou americana. Tens apenas madeira. Abriu-se para mim um mundo com o qual podia lidar melhor. Podia trabalhar os materiais e simplesmente apresentá-los".
Em 1968 o artista criou um de seus trabalhos mais famosos, um pequeno livro de 64 páginas chamado "Statements". Nele o artista inseriu textos de sua autoria que descreviam projetos. Weiner define essas obras como imagens de esculturas, pois considera a linguagem um material escultórico e acredita que ela pode servir para construir esculturas tão bem quanto a fabricação, de fato, de objetos.
A partir disso, fez trabalhos que são suas frases ('statements') impressos nas paredes de galerias e museus, ou ate mesmo em locais públicos. Sobre isto o próprio artista nos diz em entrevista ao jornalista José Marmeleira: “A ideia para apresentação das frases nas paredes surgiu por acaso e a pedido de um coleccionador italiano: Recebi uma carta do seu arquitecto a perguntar-me se podia dispor assim os trabalhos. Disse-lhes para seguirem em frente e passei a usar essa forma. Antes apresentava-as em folhas de papel, convites, livros. Trata-se apenas de um expediente para apresentar as coisas em público.”
A partir disso, fez trabalhos que são suas frases ('statements') impressos nas paredes de galerias e museus, ou ate mesmo em locais públicos. Sobre isto o próprio artista nos diz em entrevista ao jornalista José Marmeleira: “A ideia para apresentação das frases nas paredes surgiu por acaso e a pedido de um coleccionador italiano: Recebi uma carta do seu arquitecto a perguntar-me se podia dispor assim os trabalhos. Disse-lhes para seguirem em frente e passei a usar essa forma. Antes apresentava-as em folhas de papel, convites, livros. Trata-se apenas de um expediente para apresentar as coisas em público.”
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Lawrence Weiner |
Bibliografia
Archer, M.. Arte Contemporânea: Uma Historia Concisa. São Paulo: MARTINS FONTES, 2001
Chipp, H. B.. Teorias Da Arte Moderna. São Paulo: MARTINS FONTES, 1993
Gombrich, E. H.. Historia da Arte. Rio de Janeiro: ZAHAR EDITORES, 1983